POR EDUARDO GIRÃO Os professores da EEF Honório Bezerra (MARILENA BRAGA, NIEDJA VASCONCELOS, EPITÁCIO ANDRADE, VALTER REGO, EDUARDO GIRÃO E VANDESLENE MOURA) se uniram para trabalhar pedagogicamente o filme A GUERRA DO FOGO, considerado um clássico da sétima arte por cinéfilos e espectadores dos mais antenados. Alunos do Nono e da EJA (Educação de Jovens e Adultos) tiveram a oportunidade de assistir ao longa-metragem com direito a debates calorosos, interpretações individuais e coletivas. Durante uma hora e quarenta minutos, os estudantes ficaram impressionados com o realismo das cenas: homens primitivos na luta pela sobrevivência. O fogo era a mais importante descoberta para os antigos habitantes da terra que não mediam esforços para conquistá-lo. Mesmo sem falas, o filme prende a atenção dos alunos que, até então, desconheciam esse capítulo da história do homem. A Guerra do Fogo (La Guerre du feu, 81, FRA/CAN) Dir.: Jean-Jacques Annaud. Com: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi. Um dos temas que envolvem a discussão sobre a naturalidade da linguagem falada é o que versa sobre a sua origem. O filme A Guerra do Fogo, de Jean-Jacques Annaud, é uma interessante especulação a esse respeito, e ajuda a refletir sobre a questão. O filme trata de dois grupos de hominídios pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural e outro que dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Esse tipo de comunicação assemelha-se ao que Rousseau considera, em seu Ensaio sobre a origem das línguas, como a primeira manifestação de linguagem no homem, que é a expressão de suas paixões, como a dor e o prazer. Já o segundo grupo parece ter uma comunicação mais complexa, com maior número de sons articulados. Há outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade do segundo grupo com relação ao primeiro. No que concerne apenas à questão da linguagem, uma possível interpretação seria a seguinte: em um determinado estágio de sua evolução biológica, o homem, já se locomovendo como bípede e tendo suas mãos livres, aprendeu a manipular instrumentos, a interferir no seu meio e a fazer, dentre outras coisas, o fogo. A necessidade de preservação desse conhecimento, dessa tecnologia, levou-o a sofisticar a sua capacidade de comunicação. A princípio, sua linguagem pode ter sido meramente gestual, mas ele descobriu que os sons também poderiam se prestar a essa função. Assim como, ao tornar-se Homo Erectus viu-se com as mãos livres (antes usadas principalmente na locomoção) e descobriu que poderia usá-las para manipular as coisas; assim como, ao tornar-se Homo Sapiens descobriu que poderia usar essa capacidade de manipulação para interferir no seu meio; da mesma forma, descobriu que os órgãos utilizados para funções vitais como a respiração e a digestão, também serviam para emitir sons. A partir do momento em que aprendeu a diversificar os sons através das articulações, conseguiu aumentar as possibilidades de combinação entre eles. Uma vez estabelecidas determinadas convenções entre os seus semelhantes, possibilitou-se a troca de informações (como a tecnologia de fazer o fogo) de um indivíduo para o outro. A sofisticação da linguagem serviu para facilitar a comunicação de uma informação complexa, talvez não expressável meramente pelo gesto. Portanto, como diria o pai da Linguística Moderna, Ferdinand de Saussure, "não é a linguagem que é natural ao homem, mas a faculdade de construir uma língua, vale dizer: um sistema de signos distintos correspondentes a idéias distintas". As divagações acima são apenas leituras possíveis do interessante filme de Annaud. E os indícios lingüisticos (a distinção entre a linguagem de uma tribo e de outra) foram pensados pelo foneticista Anthony Burgess, que assina o roteiro. Burgess ficou conhecido pelo livro Laranja Mecância, que foi adaptado para o cinema por Stanley Kubrick. A Guerra do Fogo, com roteiro de Burgess e direção de Annaud, pode ser monótono e cansativo para quem não tem curiosidade pelo tema. Mas aqueles que se interessam não só pela origem da linguagem, mas pelas raízes da espécie humana e pelo florescer da razão e das tecnologias, irá apreciar o filme. FONTE: http://www.comciencia.br/resenhas/guerradofogo.htm
FILME A GUERRA DO FOGO É TRABALHADO NA EEF HONÓRIO BEZERRA PELOS PROFESSORES MARILENA BRAGA, NIEDJA VASCONCELOS, EPITÁCIO ANDRADE, VALTER REGO, EDUARDO GIRÃO E VANDESLENE MOURA
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